Eita eu vou

Por Patricia Larrothiere

O mistério de Ana

22 de junho de 2018

Estávamos no penúltimo dia de viagem, aquele sentimento de não querer ir embora já apertava no peito e assim, íamos aproveitando cada segundo naquele paraíso.  Saímos do almoço em direção ao nosso cantinho em frente ao mar, o hotel disponibilizava várias cadeiras de praia a beira mar, e todos os dias nós ficávamos no mesmo local.

Cadeiras de praia a beira mar

Estávamos todos rindo e cantando, quando percebemos que uma moça nos observava, silenciosamente ela ria e observava toda a nossa animação. Já era 15:30, estava na hora de seguirmos a nossa rotina no Vila Galé, íamos para a piscina principal, ficaríamos um pouco no bar, seguiríamos para a piscina do spa e terminaríamos com o belíssimo por do sol do Cabo.

Quando nos levantamos, a moça que nos observava falou: Ah que pena, já vão embora? estava tão animado. Foi quando o João falou: Mais tarde vamos ver o pôr do sol, passe por lá que é muito lindo, e ela gentilemente, respondeu que iria.

Já estávamos a espera da descida do sol, quando de longe avistamos uma moça vindo sozinha em nossa direção, era ela, era Ana. Ela se aproximou, sentou ao nosso lado e começou a conversar, disse que havia chegado naquele dia, que morava no Canadá, estava sozinha e que estava tirando uns dias de férias, mas que não tinha data para ir embora. No primeiro momento pensamos: Nossa, ela veio do Canadá passar férias sozinha aqui? Não que isso seja algo anormal, mas, por ser um Resort All Inclusive, o Vila Galé  é mais procurado por famílias, grupos de amigos e grandes eventos corporativos.

Mas até aí tudo bem, mesmo ela tendo um jeito meio tímido, meio aéreo, como se estivesse meio perdida. A verdade é que nem eu, nem dona Jacqueline conseguímos olhar diretamente para o rosto dela, e achei isso um pouco estranho. Começamos a dançar em rítmo de ciranda, em homenagem ao belo por do sol, e Ana, discretamente segurou na mão de dona Jacqueline e começou a dançar.

Quando o sol foi embora, continuamos a conversar mais um pouco, e Ana nos falou que veio ao Brasil para visitar sua mãe, que estava com câncer terminal no Rio de Janeiro. A partir desse momento começamos achar estranho: “Como a mãe dela estava em estado terminal e ela foi parar naquele hotel sozinha” Seguimos ali mais um tempo e depois fomos todos em direção ao quarto, teríamos um jantar especial a noite e iríamos nos aprontar. Ana se despediu e falou que tentaria uma reserva na recepção, para que pudesse jantar conosco mais tarde.

Quando chegamos no quarto, começou os comentários: Que moça estranha, falou Cassia… Dona Jacqueline então falou: Na hora que peguei na mão dela não senti nenhum osso, Cassia continuou: Ela só pegou na pontinha do meu dedo, dona Severina disse: tem alguma coisa estranha com essa mulher, e assim dona Jacqueline afirmou: Acho que ela é um espirito! João ficou logo com medo, e eu, fiquei pensando porque eu não conseguia olhar nos olhos dela. Pronto, a imaginação estava a todo vapor, e Ana seria a pauta para a noite inteira.

Seguimos para o jantar, e a todo instante olhávamos para os lados, tentando avistar  Ana, para assim,  encerrarmos com a história de que a mulher era um espírito rsrs.

Não a encontramos nem durante, nem após o jantar. Fomos dá uma volta pelo hotel, seguimos até a boate e nada de Ana. A imaginação nesse momento só aflorava, então,  resolvemos ir todos para o quarto. Como ainda era cedo, ficaríamos todos juntos assistindo um pouco de TV. Mas o assunto continuava, e a pauta ainda era Ana, seria ela um espírito?

Cássia que é espírita, começou a contar umas histórias que deixou João  com medo, não só ele, eu também! E nessa bagunça acabamos nos deitando todos numa cama só, as camas do Vila Galé são enormes, e acredite, coube todos nós, ninguém queria ficar sozinho rsrsrs.

Dona Jacqueline ficou colocando pilha… se perguntando o porque da moça não ter aparecido no jantar, o porque dela estar naquele lugar já que a mãe estava em estado terminal no Rio, como era que ela não tinha data para voltar, que quando pegou na mão dela não sentiu os ossos… Pense num povo pra gostar de um movimento.

Dona Severina começou a falar que a filha do primeiro dono do hotel havia morrido afogada por lá, querendo mesmo colocar medo na gente, parecia até que estávamos num acampamento ouvindo histórias de terror rsrsr. E dona Jacqueline continuava: Será que a mãe de Ana já desencarnou e ela veio encontrá-la aqui?

Nesse momento eu e João resolvemos nos levantar para irmos pegar um lanche antes de dormir, e para ver se encontrávamos com Ana. Para nossa surpresa, nem sinal dessa mulher. Voltamos para o quarto e contamos a todos que não a encontramos, daí pensamos, vamos ver se ela aparece amanhã até a hora de irmos embora, se isso não acontecer  é porque ela é um espírito mesmo rsrsr

E com essa conversa doida, finalizamos a noite.

No dia seguinte, seguimos para o café da manhã e ainda na esperança de encontrarmos Ana, que nada, nem sinal!  O mistério de Ana continuava, assim como a nossa imaginação.

Seguimos para o nosso cantinho a beira mar. Dona Severina resolveu ficar sentada embaixo do guarda sol, enquanto nós tomávamos o nosso último banho de mar antes de irmos embora. Dona Jacqueline então começou: Ta vendo que aquela mulher era mesmo um espírito, desde o por do sol de ontem que não a vimos mais, eu sabia… E assim todos ríamos daquela história maluca, quando de repente… uma mulher passa em direção a dona Severina, era ela, era Ana, era o fim do nosso conto maluco!

Começamos a chamar pelo nome dela e logo Dona Severina se levantou meio assustada, colocou a mão na cintura e ficou olhando pros lados, até que Ana a encontrou. As duas ficaram lá conversando e quando saímos do mar pudemos nos despedir daquela que fez da nossa última noite no Vila Galé, uma das mais divertidas. Coitada da moça, nem imaginava que estávamos achando que ela era um espírito rsrsr.

Dona Severina, Eu, João, Dona Jacqueline e Cássia

 

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