Na mala muitas histórias e boas risadas.
09 de agosto de 2017
Quando minha sogra me chamou para viajar, eu logo me empolguei e nem quis saber direito para onde seria. As passagens estavam sendo decididas durante a festa de aniversário da minha cunhada Wanessa. “E aí quem vai? tem que dizer logo e colocar o nome neste papel” falou Cassia. Então eu falei “Pode colocar o meu nome e o de João, nós vamos também.” Na hora João ficou um pouco apreensivo, pois iríamos para o Rio Grande do Sul em setembro e logo em seguida seria essa viagem para Minas Gerais, porém, eu acabei convencendo-o.
Os meses passaram super rápido, era maio e de repente quando vimos já era 16 de outubro, dia da viagem. Passava das 11:50h quando a van chegou para nos levar para o aeroporto de Recife, nosso voo sairia de lá. A empolgação na van era total, Cassia (tia do João), não parava de falar, era a mais animada de todas, pois ela simplesmente ama viajar! Quando chegamos ao aeroporto, ainda deu tempo fazer um lanche e tirar algumas fotos antes do embarque, que sairia as 03:40h da manhã.
Enquanto eu comia com João, Antônio e dona Severina ( tio e avó do João) se divertiam tirando fotos com os bonecos de Olinda que estavam expostos no aeroporto. Dona Jacqueline (mãe do João) morria de rir das presepadas de dona Severina, enquanto Cassia ficava morta de vergonha, pois suas amigas Vólia e Linda, que também iriam para essa viagem conosco, eram pessoas mais sérias e não estariam tão acostumadas com a nossa bagunça.
Dona Severina não estava nem aí, queria mesmo era se divertir sem se preocupar com o que as amigas da filha estavam achando. Ela segurou as mãos enormes do boneco de Olinda e ficava mexendo pra lá e pra cá para tirar umas fotos, era uma bagunça só. Na verdade acho que ela queria mesmo era chamar atenção da filha, Cassia. Pois uma de suas amigas, a Linda, é uma senhorinha super boazinha e educada, e pelo que parece, dona Severina tem ciúmes dela.
Depois dessa bagunça toda entramos no avião. Já era tarde, e como todos estavam cansados conseguiram dormir durante quase todo o voo, menos dona severina que morre de medo de andar de avião, ela passou a viagem inteira olhando uma revista de trás pra frente e de frente pra trás, só pra passar o tempo. Ao chegarmos no aeroporto, fomos direto procurar a locadora a qual já tínhamos alugado os nossos carros, que seriam dois: Em um ficaríamos eu, João, dona Jaqueline e Dona Severina. No outro: Cassia, Antônio, Vólia e Linda. Pegamos os carros e seguimos rumo à cidade de Tiradentes. Saímos cortando a cidade até pegar a BR principal.
A cidade era enorme e dirigir por lá não era algo tão fácil, pois tinha muitas entradas, viadutos, várias faixas…era bem complicado. Já fazia mais de duas horas que estávamos dentro do carro e nada de chegarmos a Tiradentes, eu já estava ficando impaciente, e João cansado de dirigir. Sem falar que estávamos sendo guiados pelo GPS que por vezes ficou sem sinal, e nós, apreensivos sem saber se estávamos indo pelo caminho certo. Até porque, Antônio, que era quem dirigia o outro carro, se afastava bastante da gente.
O combinado seria de que os dois carros fariam uma parada em um restaurante super conhecido que ficava na beira da estrada real, chamado Café com Prosa. Enfim, chegamos a esse lugar, mas nem imaginávamos que ainda faltava muito para chegar em Tiradentes. O restaurante tinha uma entrada bem legal, com flores, árvores, parquinho, bancos de madeira e um sino gigante. Lá dentro você encontrava os mais variados tipos de doces caseiros, temperos típicos da região, brinquedos de madeira e muito mais.
Depois de dar uma olhadinha em tudo, fui colocar meu almoço. Era um Self Service bem organizado, com várias opções de comidas regionais. Tudo era aquecido através de um forno a lenha enorme, algo que achei bem interessante. Depois do almoço, fui provar as sobremesas que pareciam deliciosas, e eram! Lá no Café com Prosa comi o pudim mais gostoso da minha vida. Após todos almoçarem seguimos novamente rumo a Tiradentes, que por sinal, ainda estava bem distante.
Conseguimos chegar na cidade já no final da tarde. Logo de cara não gostei muito, parecia que eu estava numa cidadezinha do interior, dai pensei: Calma, eu sabia que essas cidades históricas seriam assim, deve ter algo de bom nelas, vamos aproveitar a viagem! Quando estávamos indo em direção ao hotel, passamos por umas ruas de comércio bem parecidas com as de Pipa, dai já me animei mais! O hotel que ficaríamos chamava-se Serra Vista, era bem rústico, parecia com uma casa antiga de fazenda mas, com um excelente atendimento.
Quando a recepcionista falou que nos quartos não tinha ar condicionado, só ventiladores de teto, me desesperei! pois lá estava muito quente, no dia que chegamos fazia 37°C graus. Fomos para o quarto e para minha surpresa, os quartos eram frios, o vento que saia do ventilador de teto era como se fosse o vento do ar-condicionado, achei aquilo maravilhoso e estranho ao mesmo tempo. As camas e os lençóis eram tão confortáveis que simplesmente apagamos, de tão cansados que estávamos.
Lá pelas 19:00h o pessoal veio nos chamar para irmos jantar e conhecer um pouquinho da cidade. Na praça central tinham vários barzinhos e todos cheios de gente animada. Antônio saiu com seu crachá de guia turístico (ele é guia turístico aqui em João Pessoa) a procura de um lugar onde pudéssemos ficar. Como uns barzinhos mais legais que tínhamos vistos estavam cheios, resolvemos ficar no bar e restaurante Templário. Infelizmente não tinha mais vaga nas meses de fora, e assim, tivemos que ficar na parte de dentro que era bastante apertado e muito barulhento. Todos pediram chopes e drinks para brindarem à viajem que estava só começando.
Cassia resolveu pedir uma linguiça temperada bem típica da região, e eu como amo comer, fui logo provando, comendo e repetindo. Para minha agonia, essa linguiça seria uma das responsáveis por um mal estar terrível que tive no dia seguinte. Após um tempo no Templário, fomos conhecer as lojinhas de artesanato que ficavam na praça. Nunca fui de gostar muito de artesanato, mas por incrível que pareça, me apaixonei pelo artesanato mineiro.
Era tudo muito lindo, feito de pedra, ferro e madeira, com cores e formas encantadoras, tive vontade de levar tudo pra casa, ah se pudesse! Quando deu mais ou menos 22:30h, Cassia chamou todos para irem para o hotel, já estava cansada e para ela, a viagem estava só começando. João e dona Jacqueline que adoram uma cervejinha, encontraram um barzinho maravilhoso de frente pro hotel, olha só que sorte a deles! Enquanto os outros foram dormir, ficamos eu, João e dona Jacqueline no Boteco da Fabrica, onde de um lado funcionava uma cervejaria com música ao vivo, e do outro um restaurante bem diferente. Sua decoração rústica contava com três paredes decoradas com rádios antigos, violões e engrenagens.
Antônio ainda foi por lá encontrar com a gente, tomou um chopp e ficou um tempinho conversando conosco. O bar estava praticamente vazio, mas mesmo assim, uma moça cantava para os poucos que ali estavam. A voz da cantora era incrível, parecia uma mistura de Marisa Monte e Adriana Calcanhoto, simplesmente uma voz maravilhosa. Dona Jaqueline resolveu pedir um prato de torresmos para acompanhar a cervejinha, e eu que não posso ver nada, fui logo comendo. Pra que eu fiz isso! A combinação da linguiça com o torresmo me deixou sem dormir à noite inteira, passei mal demais!
No dia seguinte tomei vários remédios, para melhorar do mal estar e não perder os passeios que já tinham sido programados. Não teve jeito! Pelo menos não na parte da manhã. Todos levantaram-se e seguiram para o café da manhã, e que café! Eram muitas opções, principalmente de tortas, bolos e biscoitos, tudo lindo ali na minha frente e eu sem poder comer nada. Tive que comer pão seco, com medo de comer algo que me fizesse passar mal de novo.
Após o café todos iriam andar pela cidade, conhecer os lugares e tirar a famosa foto de época. Eu já estava até melhor, então resolvi me arrumar e ir também, quando João falou: “por que a gente não fica e você descansa mais um pouco?” “com esse sol lá fora você vai acabar passando mal novamente.” Por que eu não ouvi ele logo, só pra depois ter que ouvir: “eu avisei”. Enfim, resolvi descer com todos para a praça Tiradentes.
Quando estávamos chegando na praça, dona Severina viu Cássia ajeitando um chapéu na cabeça de Linda e ficou revoltada, pois disse que quando tinha feito uma viagem para gramado pediu esse mesmo chapéu emprestado, e Cássia não emprestou, dai ela falou: “Marminino olha mermo, essa nega safada não me emprestou o chapéu pra agora tá aí, ajeitando na cabeça dos outros, deixa ela chegar aqui que vou dar-lhes uma esculhambação.” E deu viu! Cassia disse logo: “mãe pelo amor de Deus mulher, acabe com isso.” E dona Severina continuou revoltada. A gente não sabia se era mesmo por causa do chapéu, ou se era por que ela estava com ciúmes de Linda. Enfim, saímos do carro e parecia que tínhamos entrado em um forno, a sensação térmica era de 40°C Graus.
Seguimos para umas lojinhas de artesanato, que por sinal eram maravilhosas! Eu estava simplesmente encantada com a arte mineira. Depois de entrar e sair de umas cinco lojas, comecei a passar mal novamente, e assim, resolvi esperar por todos junto com João embaixo de uma árvore na praça Tiradentes.
Cassia queria que todos fizessem um passeio de charrete pela cidade, mas dona Jaqueline e João que são apaixonados por animais, se recusaram logo! Eles achavam que era muito sofrimento, colocar os cavalos para andarem naquele sol, em cima daquelas pedras pegando fogo (o calçamento da cidade é todo feito com pedras irregulares, acredito que ainda seja o mesmo calçamento desde a sua construção), puxando uma charrete com um monte de gente em cima. Eu também achei um absurdo com os bichinhos, e nas condições em que eu estava, subir ali com aquele calor, era o mesmo que pedir pra morrer!
Sendo assim, apenas Cassia, Vólia e Linda fizeram esse passeio. Eu já estava muito mal e resolvi voltar para o hotel com João, enquanto os outros ficaram vendo as lojas de artesanato pela cidade. Eu e João acabamos dormindo praticamente o dia todo, só saímos para almoçar no restaurante em frente ao hotel e voltamos. Ah, e por falar em almoço, lá tinha umas tortas e pudins que até hoje estão no meu pensamento rsrs. Fiquei do café da manhã ao jantar sem poder provar nenhuma das delícias que me acompanhavam pelas refeições. Lá pelas 15:30h dona Jaqueline ligou e perguntou se eu já estava melhor, para que todos pudessem ir juntos conhecer a cidade de São João Del Rei, que é vizinha de Tiradentes.
Dessa vez eu realmente já estava melhor, sendo assim, resolvemos sair e nos encontrar com o pessoal para irmos conhecer a cidade vizinha. Ao chegarmos na praça, já estavam todos lá a nossa espera, eles já tinham andando e comprado Tiradentes inteira! A conversa no caminho para São João Del Rei foi sobre os lugares lindos que eles conheceram e sobre a comédia que foi tirar as fotos de época. Disseram até que Antônio foi confundido com o marido de dona Severina (ele é o filho), por causa da sua barba que já estava grande. Ao chegar no hotel a primeira coisa que ele fez, foi fazer a barba rsrs. A verdade é que as fotos de época ficaram maravilhosas, foi uma pena eu ter perdido essa parte.
Seguimos para São João Del Rei, uma das maiores cidades setecentistas mineiras, um lugar cercado com lindas praças e várias igrejas. Entramos em uma delas, a igreja de São Francisco de Assis, considerada um dos marcos da arte colonial no Brasil. Sua beleza inexplicável, sua arquitetura, sua riqueza de detalhes fizeram com que ela fosse tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN . Todos ficaram encantados com a beleza das esculturas em madeira e de tudo ao seu redor, foi algo que eu realmente nunca tinha visto. Na parte de traz da igreja encontra-se o Cemitério da Ordem Terceira, onde está sepultado o ex-presidente Tancredo Neves e sua esposa Dona Risoleta Neves. Resolvi passar bem de longe, não curto muto ficar visitando cemitério não rsrs.
A essa altura do campeonato, já estávamos todos morrendo de fome! Fomos em uma padaria que ficava em um mini shopping da cidade. Todos escolheram várias delicias por lá, já eu não podia comer doces, nem salgados, nem fritura, só me restava comer pão, então pedi pão com patê. Na hora que Cassia e dona Severina me viram com esse bendito patê disseram: “Corrinha (apelido colocado por dona Severina, essa é outra longa história que um dia eu conto) tu não come esse patê… “menina tu vai comer isso?” “Vai passar mal de novo,” disse Cássia. Fiquei até com medo de comer e passar mal mesmo, mas, graças a Deus não tive mais nada! Já era noite, voltamos para Tiradentes, descansamos um pouco no hotel e depois fomos para o barzinho que ficava lá na frente, lembra?!
Essa noite foi maravilhosamente divertida, todos riam, conversavam e cantavam ao som daquela voz maravilhosa. Na frente desse bar tinha um cavalo de ferro enorme, e depois que dona Severina falou que a maior vontade dela era a de subir naquele cavalo, a pauta da vez foi pra ver quem iria subir nele para tirar uma foto até o final da noite, e acredite, todos da família trapo (apelido carinhoso dado a nossa família rsrsrs) subiram. Essa galera não brinca não viu!! Dona Severina subiu depois que Antônio e João colocaram ela no braço e jogaram em cima do cavalo, foi muito engraçado!
Dona Jaqueline foi a última a subir, já que todos haviam subido e tirado suas fotos, era lógico que ela não iria ficar de fora. A noite terminou assim, com muitas fotos, boas risadas e várias lembranças. Era hora de dormi, no dia seguinte acordaríamos cedo, e seguiríamos rumo a Ouro Preto. Mais uma vez pegaríamos uma estrada longa, com mais de três horas de viagem.
Seguimos rumo a Ouro preto, e a medida que íamos nos aproximando da cidade a estrada ia se estreitando e ficando mais cheia de curvas, e eu como sempre ficava morrendo de medo, detesto andar em estrada assim. Ao chegarmos lá, novamente não gostei muito do que vi, na verdade eu sabia que a cidade seria mais ou menos daquele jeito, mas de longe não era o que eu estava imaginando.
Porém, a medida que íamos nos aproximando do centro, das praças… as coisas iam ficando muito melhores, a arquitetura era incrível, as ruas com ladeiras jamais vistas e um clima que eu nunca senti em lugar nenhum. A cidade transpira história, cultura e arte. A cada esquina que eu passava, em cada ladeira que eu subia, eu imaginava como seria a vida na época do Brasil colonial. Quanta riqueza tínhamos no ciclo do ouro e quanto sangue foi derramado por ele, por quanto sofrimento passou os escravos daquela época… Impossível não lembrar de tudo isso estando ali.
Ao chegarmos no Hotel Luxor, pedimos para que o rapaz da recepção entrasse em contato com alguma van de turismo para que pudêssemos fazer um passeio pela cidade, pois Antônio e João não aguentavam mais dirigir. Acabamos tendo que deixar nossas malas na recepção, pois ainda não podíamos fazer o check-in por causa do horário, e enquanto esperávamos a van, ficamos na frente do hotel tirando algumas fotos para registar os primeiros momentos em Ouro Preto.
Nesse momento nos deparamos com um assalto, foi tudo muito rápido, só vimos um homem correndo ladeira abaixo e um outro gritando “pega ladrão!” Parece que o cara tinha pego o celular de uma menina, só sei que dai por diante ficamos todos assustados. A van chegou e nos levou direto para almoçar, fomos para um restaurante maravilhoso chamado: Conto de réis, instalado na senzala de um autêntico casarão do século XVIII. O restaurante preserva duas das maiores riquezas de Minas: a beleza arquitetônica e a tradicional comida mineira servida em panelas de pedra e deliciosos doces caseiros, servidos em tachos de cobre e acompanhados do famoso queijo minas. A comida e a vista do Restaurante Conto de Réis eram maravilhosas.
Conseguimos sentar todos juntos em uma única mesa, dai já viu né?! A bagunça foi grande. Cada um que pegasse o torresmo do prato de um, ou que tomasse o refrigerante escondido do outro, tudo isso por pura diversão! Ao sairmos de lá, fomos conhecer a cidade de Mariana que foi a primeira vila, cidade e capital do estado de Minas Gerais. No século XVII, foi uma das maiores cidades produtoras de ouro para o Império Português. Uma cidadezinha linda que hoje depende principalmente do turismo para o desenvolvimento da sua economia. Enquanto estávamos na van seguindo para Mariana, percebi que dona Severina estava meio impaciente, até que ela começou a falar: “A gente vai passar quantos dias aqui mesmo hein?” “Quero ir embora logo dessas ladeira sem futuro”, Detalhe: O motorista da van era morador da cidade, acho que ele não estava nada satisfeito de ouvir aqueles comentários rsrs.
A encantadora Mariana estava repleta de belas praças e muitas igrejas, e para poder conhecer cada uma das igrejas era preciso pagar uma taxa de R$:3,00 a 5,00 reais. Por lá conhecemos a famosa praça Minas Gerais, o Centro Histórico e a antiga Casa de Câmara e Cadeia de Mariana, que foi fundada em 1711. Hoje ela é aberta à visitação e tornou-se parada obrigatória entre os turistas. Quando entramos na parte de baixo do prédio, uns homens trabalhavam fazendo algumas esculturas e pintando alguns quadros. Quando nos aproximamos, um deles olhou para João e falou: “Acho que te conheço de algum lugar” e João respondeu brincando: “Deve ser de Nova York,” foi quando ele falou bem sério olhando para João: ” Não, te conheço de outras vidas” e depois perguntou se João era Baiano. João que adora essas conversas de espírito e outras vidas, saiu logo de perto rsrsrs.
Lá também conhecemos a praça Praça Gomes Freire, que além de ser linda e rodeada de casarões do século XVIII, é um dos pontos de encontro entre os moradores da cidade. Após o passeio voltamos para o hotel, deixamos as malas no quarto e fomos tomar banho para irmos jantar.
Enquanto João tomava banho, fiquei olhando a rua pela varanda do nosso quarto, foi quando de repente, vi que na lateral do hotel havia um cachorro pendurado na janela de uma loja. Fiquei observando por um tempo e vi que pessoas passavam e falavam com ele, tiravam fotos, faziam um carinho… achei super fofo e fiquei com vontade de ir lá conhece-lo mais de perto, porém, como já era quase noite a loja já estava fechando.
Como estávamos todos cansados e ainda assustados com o assalto, resolvemos não sair à noite pelas ruas de Ouro Preto, e assim, acabamos jantando pelo hotel mesmo. E por falar em jantar, tenho que falar que, se teve um lugar o qual eu achei super estranho naquele hotel, esse lugar era o restaurante! Ele ficava abaixo do nível da rua, era pequeno, com paredes de pedra, com o teto baixo de madeira e com três janelas pequenas e gradeadas. Eu simplesmente me sentia presa ali dentro! Até que nos disseram, que no passado aquele ambiente do restaurante havia sido uma senzala. Então não era a toa a energia estranha que eu estava sentindo em estar ali, imagina só quantos escravos devem ter sofrido naquele local, onde naquele momento todos jantavam. Não gosto nem de lembrar! Na verdade, gosto de lembrar só da comida que era maravilhosa rsrsrs.
Todos foram se deitar após o jantar, enquanto eu, João e dona Jaqueline ficamos na salinha da recepção conversando, afinal ainda era cedo e nós não estávamos com sono. A sala tinha uma lareira, um sofá com umas poltronas do lado, um centro grande e umas mesas de jogos de dama e xadrez. Tinha também um som ambiente que a gente não sabia de onde saia, mas que tocava o dia inteiro umas músicas clássicas instrumentais, o que deixava o ambiente um pouco assustador, principalmente aquela hora da noite!
A pauta da nossa conversa era: “que lugar estranho, dá é medo ficar por aqui”, “acho que os espíritos dos escravos estão presos nesse lugar” , “quando vamos embora daqui” “amanhã não vai ter nada pra fazer”. Lá pelas 22:30h fomos nós deitar. Enquanto todos ficaram no andar térreo perto da recepção, eu e João ficamos no segundo piso, no último quarto, no final de um corredor enorme, detalhe: apenas nós dois estávamos hospedados nesse andar. Depois de toda aquela conversa de espirito, era de se imaginar que ficaríamos com medo de passar por aquele corredor, e de ficarmos sozinhos lá em cima. (eita povo mole viu!)
Vou falar um pouco mais sobre o corredor do segundo andar: Quando descemos para o jantar, percebemos que as portas dos quartos que estavam vazios ficavam todas abertas, eram em média uns oito quartos. Resolvemos fechar todas as portas, afinal, para uma casal tão corajoso quanto nós rsrs, não era muito agradável passar pelo corredor e ver aquela escuridão ali dentro.
Fechamos todas as portas e descemos para o jantar. Ao voltarmo, já assustados com a conversa lá na salinha da recepção, fomos passando pelo corredor, quando vimos que o penúltimo quarto estava com a porta totalmente aberta. Ninguém havia passado por aquele andar e não tinha como a porta ter aberto sozinha, pois era muito pesada. Mais uma vez ficamos assustados e entramos correndo em nosso quarto. Ah, deixa eu falar do quarto também! A cama era gigante e confortável, a decoração antiga, e a porta do banheiro as vezes abria sozinha. Essa noite estava mais para a noite dos horrores, tudo fruto da nossa imaginação! O Luxor está entre os melhores hotéis de Ouro Preto, com nota 8.2 no Booking e certificado de excelência no TripAdvisor. Na verdade o hotel era bom mesmo e o atendimento excelente, mas que ele também é um pouco assustador, ahh ele é sim! pelo menos pra mim rsrsrs.
Depois de entrarmos no quarto, João foi tentar logo dormir, para ver se esquecia aquelas conversas de espíritos, escravos… Enquanto eu, fui resolver uns assuntos de trabalho no meu notbook. Foi quando dona Jaqueline falou comigo pelo bate papo: “Patricia, eu e Mãe (dona Severina) estávamos pensando que seria melhor irmos embora amanhã, o que você acha?” “ficaríamos em outro hotel em BH… ” “venham aqui embaixo pra gente combinar o que fazer amanhã”, “cadê João?” Nesse momento João já tinha visto a conversa e disse: “Não vá não, isso é conversa de mainha, aposto que Antônio (Tio de João) está preparando alguma coisa para dá um susto na gente, aí dessa vez eu desmaio rsrs, Diga que já estou dormindo.” E assim eu fiz. Ficamos trancados no quarto e não saímos por nada.
No dia seguinte após tomarmos café, chamei dona Jaqueline e João para irmos na loja que ficava ao lado do hotel, aquele onde ficava o cachorrinho na janela. Ao chegarmos lá, um rapaz muito simpático nos convidou para entrar, e nos mostrou que lá não era exatamente uma loja ou uma casa comum, mas um verdadeiro museu, a casa do famoso e eterno aleijadinho.
Em primeiro lugar, fomos apresentados ao Bacco Hermes, o cachorrinho mais famoso de Ouro Preto, um bichinho lindo e muito dócil. Em seguida o rapaz ia nos mostrando alguns objetos e contando a história de cada um deles, a casa possuía mais de 300 anos e sua construção estava intacta até os dias de hoje. O chão era de pedra, as portas eram meio tortas e a escada que levava ao primeiro andar era de madeira e também estava meio torta. A verdade é que a casa e suas histórias eram bem assustadoras.
Na sala haviam duas imagens egípcias, que se você olhasse nos olhos da imagem tinha a sensação de que aqueles olhos te acompanhavam por onde quer que você fosse. Em cima da mesa da sala de jantar havia umas garrafas bem bonitas e com cartões ao lado. Quando fui pegar o cartão para ler, o rapaz falou: “Não pode ler, isso é um segredo o qual eu ainda vou falar pra vocês.” Dai ele nos falou sobre um quadro enorme que tinha na sala, de uma deusa que se chamava: Bacana, ela seria uma mistura do Deus Baco, o Deus do vinho, com uma Deusa da Cana de açúcar, responsável pela produção de uma bebida produzida através dessa mistura, por isso o nome dela era “Bacana”, bacana né?! rsrsrs.
Depois de falar sobre a “Deusa Bacana,”Ele nos fez provar um líquido que seria o das garrafas que estavam em cima da mesa. Na hora eu, João e dona Jaqueline ficamos meio desconfiados em tomar aquilo sem nem saber o que era de fato, mas, não tínhamos saída rsrsrs. Depois que tomamos, o rapaz nos explicou que o líquido era uma cachaça, que ela era fabricada pela dona da casa e era uma cachaça especial, produzia através de uns tonéis de vinho que foram encontrados nas terras de uma fazenda comprada por ela.
Esse vinho passava por um processo de envelhecimento e era misturado com a cana de açúcar, a partir dai tornava-se uma cachaça, que mais parecia licor. A bebida era maravilhosa e deixava uma sensação muito boa na boca, segundo ele, a pesar de ser doce, a bebida poderia ser tomada até mesmo por pessoas diabéticas sem nenhum problema.
As garrafas eram feitas de pedra sabão e eram todas numeradas, pois sua edição era limitada, uma verdadeira obra de arte. Fomos convidados a conhecer o primeiro andar da casa, em cada entrada uma surpresa ou um susto, o quarto onde a dona da casa dormia já havia sido uma sala de reuniões, um dos lugares onde os inconfidentes se reuniram antes de deflagrarem a inconfidência mineira. A porta era muito pesada e fazia um barulho assustador, segundo o rapaz, o barulho era devido à forma como ela havia sido colocada, e mesmo que colocassem qualquer tipo de lubrificante ela não deixaria de fazer aquele barulho.
Por baixo daquela casa tão cheia de mistérios passava uma mina, e as pessoas que moraram lá no passado construíram uma passagem secreta, onde uma porta após ser empurrada, mostrava uma escada que dava diretamente no sótão. Eles usavam essa passagem para poder esconder uma parte do ouro que era retirado da mina, pois assim pagariam menos impostos ao governo. Eles enterravam o ouro e faziam mapas para poder encontrá-los depois.
Mas onde esconder mapas em uma casa que era revistada todos os dias pelos funcionários do governo? Como as portas dos quartos eram muito grossas, eles cortavam a madeira e colocavam os mapas entres as brechas da porta para assim poder escondê-los. A porta do quarto também tinha uma imagem muito curiosa, que segundo um professor carioca que havia visitado o local, tratava-se da imagem de um Cristo desfigurado, onde em parte dos seus cabelos tinha a imagem de um demônio.
Em outros ambientes da casa era possível encontrar objetos históricos, como a espada usada por Dom Pedro I. No momento em que o rapaz tirou a espada para nos mostrar, eu estava distraída e tive um grande susto, e assim aos poucos ia me afastando dele. João e dona Jaqueline quase morreram de rir do mico que paguei. Enquanto estávamos no andar de cima, dona Severina, Cassia, Antônio, Vólia e Linda estavam conhecendo o andar de baixo, mas como Cassia é bem acelerada, acho que não teve paciência de ouvir nem metade das histórias que nós ouvimos rsrsr.
No final todos ficaram amigos da dona da casa e apaixonados pelo cachorro Bacco. Todos compraram a famosa cachaça Safra Barroca e tiraram várias fotos com Mel (dona da casa) e com o Bacco Hermes. Aquele momento ali dentro foi uma verdadeira aula de história e um toque de cultura para nós todos!
Em seguida saímos rumo à feira das pedras. Eu, João e dona Jaqueline resolvemos ir a pé pelas ladeiras, enquanto o restante do pessoal resolveu ir de carro. Nós não tínhamos noção do quanto era difícil subir aquelas ladeiras, até que paramos pra descansar um pouco em frente a uma capelinha, e depois seguimos para feira das pedras, até que chegamos lá colocando os bofes pra fora.
Ao chegarmos, nos deparamos com um artesanato incrível todo feito de pedra sabão. Eram jarros, quadros, santos, caixas e muitos outros objetos maravilhosos que deixaram a mulherada enlouquecida! Dona Jaqueline ficou sem saber o que comprar, e assim foi comprando copos, caixas, Santos, carrinhos de boi, castiçal, panelas e tudo que via pela frente. Bom mesmo seria na hora de levar todas essas pedras na mala rsrs.
As únicas que não compraram muito foram Vôlia, por que não queria gastar, e Linda por que não tinha como levar. Já o restante do pessoal encheu a mala de pedra (literalmente) rsrsr. A agonia era tão grande de Cassia e dona Jaqueline querendo comprar, que até João se estressou (algo raro), pois estávamos tentando juntar todos para irmos almoçar e quando encontrávamos uma pessoa, e pedíamos para que ela esperasse num lugar, a outra saia pra olhar alguma coisa, e assim foi difícil juntar esse povo todo nessa feira viu! Quando enfim conseguimos nos reunir, fomos almoçar em um restaurante pertinho da praça, o buffet era livre e custava R$15,00 reais por pessoa. A comida não era tão maravilhosa como a do restaurante Conto de Réis, mas pelo preço até que era muito boa.
Dona Severina (que é uma senhora mega divertida de quase 80 anos e que acha que pela idade já pode fazer o que quiser, sem se preocupar com o que vão falar, e pode mesmo!) estava doida para chamar atenção, e aí resolveu tomar caldo de feijão com a boca no prato (acho que quase todo mundo já fez isso uma vez na vida, mas não em um restaurante né). Enquanto dona Jaqueline e Antônio morriam de rir da cena, Cassia não acreditava no que via e ao mesmo estava morta de vergonha por suas amigas Vólia e Linda (que também é um senhora de quase 80 anos, porém bem mais calma e séria que dona Severina rsrs).
Enquanto dona Severina estava tomando seu caldo de feijão com a boca no prato, Cássia bateu no prato, que derramou e sujou a blusa de dona Severina, então Cassia falou: “Pelo amor de Deus, mãe está de um jeito que daqui uns dias não vai poder mais sair pra lugar nenhum.” Enquanto dona Severina falava: “Que besteira, o que é que tem eu tomar meu caldo”, “tava tão bom, melhor do que ontem que paguei cinquenta conto naquela caverna”, “essa bixa maga só quer ser besta”.
Depois do almoço fomos olhar umas lojinhas e mais tarde eu, João e dona Jaqueline sentamos num barzinho chamado Bar do Chopp Real, que ficava bem pertinho da praça Tiradentes, enquanto o restante da turma foi tomar um chá. (pense num povo pra gostar de chá, enquanto a outra parte gosta mesmo é de uma cervejinha rsrs). Depois nos encontramos e voltamos para o hotel, para mais tarde sairmos para algum lugar.
Lá pelas 19:30h resolvemos sair para jantar, Antônio que adora fazer uma graça, nos fez dar uma volta gigantesca na cidade pra sairmos no mesmo lugar, como dizia dona Severina, na praça do saci (Que na verdade era a praça Tiradentes, local exato onde no passado ficou exposta a cabeça do mártir da independência, Joaquim José da Silva Xavier.)
A praça ficava em frente ao museu da inconfidência, onde estavam sendo expostas algumas obras do artista plástico francês Daniel Hourdé, que instalou por lá suas grandiosas esculturas humanas em bronze, aço e alumínio. Eram figuras de homens nus, pintados de preto e com um detalhe em cor, uns com amarelo e outros com vermelho. Acredito que foi por isso que dona Severina chamou de praça do saci, pois ela adora arranjar apelido para tudo e para todos rsrs. A exposição chamava-se: Lendas e Aparições.
Depois da volta enorme que demos para sair no mesmo lugar, resolvemos ficar no Bar do Chopp Real, o mesmo em que estávamos à tarde, já que não tinha nenhum outro por perto. Todos conversavam, riam e comentavam suas impressões sobre Ouro Preto.
Dona Jaqueline resolveu pedir um petisco, enquanto Vólia comia e reclamava de um filé à parmigiana que tinha pedido, dizendo que a carne não era filé, mas mesmo assim ela acabou comendo. Enquanto isso, Linda delicadamente tomava uma sopa acompanhada de alguns pãezinhos e dona Severina que estava ao lado, ficava só observando o movimento.
Já estava ficando tarde e Cassia já começava a dizer que estava na hora de ir embora, pois no dia seguinte iríamos pegar uma estrada longa para o Instituto Inhotim, sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina.
No dia seguinte fechamos a conta no hotel e seguimos rumo a Inhotim, iríamos passar o dia por lá e depois seguiríamos para Belo Horizonte. A estrada era longa, mas graças a Deus não era a mesma pela qual chegamos a Ouro Preto, estreita e com tantas curvas. Já estávamos chegando em outra cidade, quando dona Severina começou: ” Menino, a gente andou andou e está chegando em Ouro Preto de novo”, “A gente pegou o caminho errado” “Olha aí, eu num To dizendo, é Ouro Preto…” Tudo isso porque não voltamos pelo mesmo caminho. João já estava começando a se estressar, e ela o tempo todo repetindo que era porque era Ouro Preto. Quando passamos por outra cidade, João perguntou se era melhor abastecer logo, pois só estávamos com dois pontos de gasolina, foi quando dona Severina falou: “Não, não precisa não, eu conheço o caminho, essa gasolina dá pra chegar até BH, vamos embora.”
E assim fomos, e não imaginávamos que de lá até Inhotim ainda faltava muito chão. Subimos umas serras e quando estávamos passando por uma estrada meio deserta o carro entrou na reserva, andamos mais de vinte minutos quase sem gasolina e nada de vermos uma cidade à vista. O stress começou mais uma vez, pois já pensou ficar numa estrada no meio do nada sem combustível? Até que chegamos em Brumadinho, uma cidade pequena com cerca de 35 mil habitantes, onde ficava o parque ecológico de Inhotim. Enfim abastecemos e seguimos rumo ao parque.
Ao chegarmos lá estávamos todos apertados , e assim fomos direto a uns banheiros químicos instalados no estacionamento do parque. Quando João viu dona Severina entrar no banheiro, segurou a porta para que ela achasse que tinha ficado presa. Ela começou a bater, e a gente se acabando de rir do lado de fora. Quando ela saiu fizemos de conta que nada tinha acontecido, e ela lá achando que a porta que tinha mesmo emperrado, tadinha gente!
Quando chegamos na recepção a outra parte da turma já estava a nossa espera. Compramos os ingressos e uma pulseira especial que dava direito a andar em uns carrinhos lá dentro, eles levavam as pessoas de um ponto a outro, já que o parque era muito grande. Eu jurava que iria ficar andando só de carrinho, olha só se alegria de pobre dura muito!
Os carrinhos deixavam a gente em um determinado ponto, mas de lá até algumas exposições ainda tínhamos que andar bastante a pé. Eu pra variar, estava de salto alto e me ferrei, não imaginava que tinha que andar tanto! No início o grupo começou a conhecer as coisas juntos, iniciamos por umas salas de exposição de áudio visual, em seguida nos deparamos com uma exposição bem estranha e bastante curiosa. Era uma sala enorme onde estava uma caveira horrorosa deitada numa rede gigante, do outro lado tinha um chapéu de palha grande com um monte de crânio em cima. Dona Severina dizia: “A pessoa andar isso tudinho pra tá vendo caveira”, enquanto Cassia falava: “Menina estou revoltada, me disseram que essa caveira já foi pra Paris, para o museu do louvre e eu não fui” rsrs. A verdade é que eu também não entendia e nem achava nada de interessante naquelas exposições estranhas, admiro muito quem curte e entende de arte, o que não é o meu caso.
A partir dai o grupo foi se separando e cada um que fosse ver alguma coisa diferente, algo que lhe interessasse mais. Eu, João, dona Jaqueline, Antônio e dona Severina fomos ver uma exposição de plantas, tiramos algumas fotos e depois nos separamos novamente. Dona Jaqueline e dona Severina foram para um lado, e eu, João e Antônio fomos para outro. Andamos por uns três Lagos, passamos por uma trilha, e no final, a parte que eu mais queria ver no parque, eu não encontrei. Que era uma exposição onde as pessoas poderias criavam palavras com letras que ficavam espalhas pelo chão.
Eu já estava cansada de tanto andar a pé com aquele salto, e quando íamos procurar um lugar para sentar e esperar o restante do pessoal, Antônio falou: “vamos ali ver um lugar onde disseram que tem o ronco do mundo? é aqui perto!” Eu nem queria mais andar, porém, João foi na conversa de Antônio e quis ir também, para saber o que era esse tal ronco do mundo. Começamos a caminhar novamente, andamos, andamos e nada. Tive que tirar o salto e ficar descalço, pois meu pé já estava cheio de calo de tanto andar. O chão estava muito quente e acabei foi queimando meus pés, atrás desse bendito ronco do mundo.
Antônio e João estavam bravos, porque um dos meninos que dirigia o carrinho disse que para ir para esse tal ronco do mundo não tinha mais transporte, tinha que ir a pé, e depois de andarmos tanto, encontramos uma funcionária do parque que falou que tinha transporte até lá sim. A raiva foi ainda maior. Enfim, encontramos um dos carrinhos e pedimos para que nos deixasse lá, “no ronco do mundo”.
Ao chegarmos, a vontade que eu e João tínhamos era a de matar Antônio, por ele ter feito a gente andar tanto pra ver aquela “obra de arte”.
Era uma sala de vidro vazia, com piso de madeira e com um buraco pequeno bem no meio, de lá saia um barulho estranho parecido com um ronco de motor de carro velho. Bem feito! Quem mandou confiar logo em Antônio, a pessoa que mais se perdia nessa viagem ia lá achar uma exposição que preste pra gente ver?! pense numa raiva! A única coisa boa, era que lá tinha ar condicionado, e como estávamos morrendo de calor ficamos deitados no chão descansando um pouco até criarmos coragem de voltar.
Ao sairmos de lá fomos direto em busca do restaurante, pois já passava das 13:30 e estávamos morrendo de fome. Quando chegamos, dona Jaqueline e dona Severina já tinham almoçado a muito tempo, e estavam só nos esperando. já o restante do pessoal ia almoçar naquele momento junto conosco, menos Antônio, que achou um absurdo o valor do buffet e saiu para lanchar só Deus sabe onde. Eu e João comemos que repetimos, a comida era cara mas em compensação era maravilhosa.
Dona Jaqueline que não fica sem uma cervejinha, resolveu aceitar a sugestão do garçom para provar uma cerveja típica da região. Quando o garçom abriu a cerveja ela já achou o cheiro estranho, e quando resolveu tomar disse que o gosto era horrível, que parecia besouro rsrs. Pior do que o cheiro e o sabor, era o preço! Ela pagou R$32,00 reais por uma cerveja que não conseguiu tomar nem um gole, pense numa raiva que ela ficou desse garçom rsrs.
Depois do almoço a única coisa que queríamos era ir embora, mas Vólia ainda queria andar pelo parque, para ver umas bolas de metal que tinha dentro de um lago, mais uma “obra de arte”. Eu e João deitamos logo numa grama de frente pro lago e decidimos ficar por alí até a hora de irmos embora. Aos poucos todos foram chegando e se juntando a nós, até que de repente uma família de ganso resolveu atravessar o lago e veio ficar bem pertinho da gente. Uma menina que passava por perto com o namorado já ia alisar o ganso quando Antônio falou: “não toque nele não, ele sai correndo atrás de você.” A menina ficou com medo e se afastou, em seguida Antônio falou: “mãe, a senhora me dá quanto pra eu pegar esse ganso e colocar embaixo do braço?” Dona Severina que adora uma bagunça respondeu:”dou 100 conto” Antônio não contou conversa, segurou o ganso e colocou debaixo do braço, o bichinho até vomitou uma água na hora, acho que foi o susto. Eita Povo doido viu!
Nesse momento todo mundo começou a rir e dizer: “Eita dona Severina, perdeu 100 conto”, “vai ter que dá”. Ela que não é besta nem nada falou: “Nam, eu tava só brincando, falei assim só pra ver se ele tinha coragem” Olha mesmo se ela ia perder cem reais assim, de graça! Depois dessa bagunça seguimos para o carro, era hora de pegar a estrada mais uma vez rumo ao nosso último destino, Belo Horizonte.
Cassia disse logo: “Antônio, você vá seguindo Joãozinho porque esse seu GPS não funciona, você já se perdeu várias vezes”. Seguimos na frente, e Antônio veio logo atrás por um bom tempo, quando de repente ele pegou outro caminho, enquanto nós continuamos no caminho traçado pelo GPS. De Inhotim para BH foi apenas 50KM, até que chegamos bem rapidinho.
O nosso hotel estava bem no centro de BH, e assim, foi super fácil encontrá-lo. Ao chegarmos, achávamos que já iríamos encontrar Antônio e o pessoal por lá, que nada, tivemos que esperar quase uma hora por eles. Dona Severina já estava agoniada com a demora e resolveu ligar para Cassia: “mulher cadê vocês, já faz é tempo que a gente chegou e vocês não chegam”. Cassia disse que já estava estressada, pois Antônio tinha se perdido novamente, que eles já tinham passado umas três vezes na frente do hotel e não viram onde tinham que parar. Enquanto continuávamos esperando por eles no hall do hotel, um senhor sentou ao meu lado e começou a ler um jornal, quando João se aproximou ele fechou o jornal e olhou para João dizendo: “Você é da Bahia?” Na mesma hora me deu vontade de ir! João respondeu que não e o senhor simplesmente não falou mais nada, apenas virou o rosto e voltou a ler o seu jornal. Que doidera, sismaram mesmo que João era da Bahia. hahaha
Quando finalmente o restante da turma chegou, foi aquela agonia para resolver logo o check-in e assim podermos subir para os quartos. Pelo que vi o meu quarto era o melhor de todos, ele era muito grande e com uma vista maravilhosa. Só fizemos tomar banho e trocar de roupa, pois já era hora de sair. Queríamos ir no shopping e como lá estava em horário de verão, se demorássemos muito, não iria dar tempo aproveitar nada. Pegamos um táxi e fomos para um shopping bem pertinho do hotel, era um shopping pequeno e bem tumultuado, no estilo do nosso Tambiá Shopping, só que com uma grande particularidade: as catracas no banheiro. Você não leu errado não, tinha catracas no banheiro mesmo! Para poder ir ao banheiro desse shopping era preciso comprar uma ficha ou estar em algum restaurante da praça de alimentação, achei muito bizarro isso. Enquanto dona Severina, Vólia, Cassia e Linda davam uma volta pelas lojas, eu, João, Antônio e dona Jaqueline ficamos tomando um chopp na praça de alimentação.
Como não somos de ficar sem comer nada, dona Jaqueline resolveu pedir um petisco, o garçom mostrou o cardápio e nos ofereceu um dos petiscos mais pedidos por lá, ele vinha com: carne, queijo, ovo de codorna, coração, frango, camarão, linguiça e batata frita. Resolvemos pedir esse então, já que vinha bem variado e nós ainda não tínhamos comido nada. Quando o garçom passou pelas outras mesas com esse petisco, fazia vergonha! O prato era monstruoso, e quando chegou na mesa todo mundo fico olhando. A gente começou a rir e a dizer: ” menino que ignorância é essa” “Vão pensar que a gente tá passando fome”.
Começamos a comer e em menos de quinze minutos estávamos sem aguentar nem olhar aquele prato, e pra completar, dona Jaqueline sismou dizendo que quatro homens que estavam sentados na mesa da frente não paravam de olhar pra gente. Na verdade eles eram um pouco mal encarados e eu comecei logo a ficar com medo. Era verdade que o homens não paravam de olhar para a nossa mesa, mas acho que eles estavam de olho mesmo era na carteira de Antônio, que tinha caído aberta bem pertinho da mesa deles.
Enquanto tomávamos chopp, a outra parte da turma tomava chá. Quando estávamos indo embora, João resolveu comprar mais umas cervejas para levar e tomar no hotel. Ao chegarmos lá fomos direto para o último andar, onde achávamos que era uma área livre. Ao sairmos do elevador, ficamos de cara com um restaurante super chique e cheio de gente, enquanto nós estávamos ali bem de boa, com uma sacola de cerveja só querendo terminar a noite rsrsrs.
Resolvemos sair de fininho e fomos direto para o 3° andar, onde ficava a piscina e o restaurante do café da manhã. Ficamos por lá conversando durante umas duas horas, até bater o sono. No dia seguinte fomos tomar café, e como sempre dona Severina e Antônio ficavam pegando comida do prato de dona Jaqueline e de João, a peça chave da vez era o croissant (vocês lembram da história do torresmo né?). Após o café iríamos fazer um passeio pela cidade, e o roteiro seria: Estádio Mineirão, Lagoa da Pampulha, Zoológico e Mercadão.
Seguimos rumo ao Mineirão, nossa primeira parada. Cassia falou logo para Antônio seguir João e assim evitar stress com o GPS. Ao chegarmos no Mineirão dona Severina disse logo: “Deve ser uns 30,00 reais só pra entrar aí, e não tem nada pra ver” na verdade ela tava doida que a gente desistisse de fazer a visita! Ao nos aproximar vimos que para conhecer o estádio e o museu do futebol que ficava lá dentro, custava apenas 14,00 reais, e para tristeza de dona Severina todos resolveram entrar rsrs.
A visita era guiada por três funcionários do estádio. Fora nós, ainda tinham mais algumas pessoas que iriam realizar o percurso conosco, uma em especial ficará marcada. Era um rapaz alto, jovem, bem vestido, mas que fedia de um jeito que eu nunca tinha visto antes, não era brasileiro mas também não sei de onde ele era. O mal cheiro era muito forte, ninguém conseguia ficar perto dele, coitado. Dona Jaqueline que adora uma graça, ficou dizendo que ia pedir para o rapaz tirar uma foto com dona Severina, olha só! A sorte que ela não fez isso, se não, ia dar muito errado viu!
Vimos muitas coisas legais no estádio, inclusive as camisas usadas pelos jogadores no jogo mais marcante da seleção brasileira, aquele dos 7×1, você lembra né? mesmo sem querer! Depois entramos no museu do futebol, que por sinal era bem grande e muito interessante. João ficou enlouquecido, queria tirar foto de tudo, acho que foi o melhor dia da viagem pra ele. Em seguida fomos conhecer a famosa lagoa da Pampulha, cartão postal de BH.
Ficamos lá por alguns minutos, tiramos algumas fotos e seguimos para conhecer o zoológico. Graças a Deus o passeio pelo parque poderia ser feito de carro, e por isso só descemos algumas vezes para tentar ver alguns animais mas, como estava muito quente a maioria deles estavam escondidos em suas tocas.
João e Dona Jaqueline passaram um tempão tentando ver os chipanzés e o macaco da noite, conseguiram ver apenas o macaco da noite. Enquanto eu e dona severina ficamos tomando sorvete e esperando por eles em um quiosque. Enquanto esperávamos dona Severina dizia: “Num ta vendo que eu não vou ficar andando num sol desse atrás macaco” “E se é macaco da noite, ele só sai a noite né não? Bando de besta, vão ver é nada aí” Ainda bem que eles conseguiram ver alguma coisa rsrsr.
Fomos procurar o pessoal para podermos ir embora e almoçar, eles estavam na parte do aquário, um dos lugares onde João estava doido para conhecer, até que dona Severina falou: “isso não presta não, só tem peixe beta, e ainda paga num sei quanto pra entrar”, vamos embora almoçar que é melhor! Bom, depois desse incentivo todo ele desistiu né, (se ele soubesse os peixes enormes que tinham lá dentro). Saímos do parque e seguimos para a próxima parada, o mercadão de BH.
A cobertura do mercadão era daquelas telhas de metal, e o estacionamento ficava na parte de cima do prédio de dois andares. Quando descemos do carro a sensação que tínhamos era o de estarmos em uma sauna gigante, nunca senti tanto calor em toda minha vida, meu rosto queimava de tão quente. Quando descemos para a parte das lojinhas esse povo endoidou querendo comprar queijo, doce, tempero e tudo que via pela frente.
Depois de darmos uma pequena volta, fomos procurar um restaurante lá dentro do mercadão mesmo. Antônio encontrou um lugar, mas como estava cheio tínhamos que esperar até que esvaziasse alguma mesa. Enquanto isso, Vólia e Linda já estavam bem sentadas almoçando, sempre que podiam elas sentavam separadas da gente, porque será né?! Nossa mesa estava liberada, sentamos e pedimos todos o mesmo prato que se chamava, quarta feira, era o prato do dia no Mercadão de BH. Enquanto almoçávamos Cassia e dona Jaqueline não tiravam o olho do leque de palha de uma moça que estava sentada na mesa da frente, enquanto dona Severina, não tirava o olho de um senhor grisalho que estava sentando de frente pra ela. Então Eu falei: “eita dona Severina, paquerando né?” Ela então respondeu: “e eu to morta, o que é bonito é pra gente olhar mesmo” (agora me diga se ela não é o máximo rsrs).
Depois do almoço ainda fomos olhar algumas lojinhas, e esse povo não parava comprar! Quando saímos do mercadão, Cassia disse para irmos conhecer a praça da liberdade, daí eles entraram no carro e foram na frente. Dona Severina falou logo: “essa praça não presta não, só tem maconheiro e vagabundo, vamos embora que é melhor, deixa Cássia ir, a gente não tá no carro dela!” (Sempre que dona Severina não queria ir para algum lugar, ela colava terra pra gente não ir.) Nós também não estávamos muito afim de ir mesmo, dai passamos direto para o hotel (ah se arrependimento matasse, pois a praça da liberdade é simplesmente maravilhosa, e eu não fui.)
Ao chegarmos fomos para o quarto e ficamos esperando o rapaz do hotel subir com as compras que estavam no carro, foi quando dona Jaqueline falou: “esse menino tá demorando, vamos dá uma olhadinha no comércio lá embaixo, porque jaja vai fechar (pense num povo pra gostar de comprar). João disse que não iria porque estava cansado, e dona Severina queria ver a novela, então fomos apenas eu e dona Jaqueline. A primeira loja que entramos foi a de bijuterias, eram tantas coisas lindas e baratas que eu não sabia nem o que escolher!
Compramos várias peças nessa loja e fomos andando para ver as outras, entramos em mais umas dez, e sempre comprando alguma coisa, até que resolvemos voltar. No caminho encontramos Cassia, Vólia e Linda numa lanchonete, dona Jaqueline falou: “vocês perderam, a gente já foi num monte de loja boa e barata por aqui.” Não sabia ela que as três também já tinha andando e comprado o mundo todo rsrs.
Compramos um lanche e subimos para o hotel, quando dona Jaqueline entrou no quarto se deparou com Antônio ao telefone, mandando mensagem de voz pelo WhatsApp para alguém de sua família: “alguém me dá notícias de lobão” (cachorro dele que estava doente) e ninguém respondia, ele então continuava: “mas se não quiserem me dar eu também não To nem aí hein”. Ele já tinha mandando várias mensagens e ninguém tinha respondido. Ah, algo que deve ser bem lembrado nessa viagem era que Antônio não soltava o celular, quando não estava no ouvido era no WhatsApp, rsrs. E esse diálogo de Antônio no whatsapp virou a piada do resto da viagem, pois dona Jaqueline imitava direitinho e todos morriam de rir.
Resolvi ligar para o quarto de dona Jaqueline, para saber que horas nós iríamos para o shopping, foi quando dona Severina disse que ela tinha ido de novo no comércio lá embaixo, pois tinha visto uns vestidos que Cassia tinha comprado e tinha ficado doida, queria também! Eita povo pra gostar de gastar! Lá pelas 19:30 sairíamos pra jantar em algum shopping, mas que não fosse o que tínhamos ido no dia anterior, o da catraca no banheiro lembra?!
Então Cassia resolveu perguntar na portaria do hotel, qual seria o shopping mais próximo, fora aquele o qual já tínhamos ido. O rapaz da recepção falou que o mais próximo seria o Diamond Mall, só que Cassia entendeu By on the Mall. Chamamos os táxis, e a divisão era a mesma dos carros: eu, João, dona Severina e dona Jaqueline em um, e Antônio, Cassia, Vólia e Linda em outro. Ao entrar no táxi Cassia falou o nome do shopping de acordo com o que ela havia entendido, e assim, o taxista disse que aquele não existia rsrs.
Eu como tinha ouvido como Cassia tinha dito, falei também: “O senhor sabe qual é o shopping que tem o nome parecido com By on theMall? Ele respondeu rindo : é o Diamond Mall, sei sim! Seguimos pra lá, e ao chegarmos estávamos todos rindo, pois ninguém tinha acertado o nome do shopping pra dizer ao taxista.
Ao entramos no shopping já sentimos a diferença, era uma shopping muito chique, com piso de mármore e granito, pilares espelhados, corrimões dourados e teto de vidro, era outro nível! Lá só encontramos lojas de marcas caras, era de fato um shopping destinado a classe A, não sei se para nossa alegria ou tristeza. Era tudo muito caro, só fizemos olhar algumas vitrines, enquanto Cassia ainda comprou uma blusa na Luiggi Bertolli, uma loja maravilhosa e com preços até razoáveis. Como já tínhamos olhado todas as vitrines resolvemos sentar para comer alguma coisa. João estava na praça de alimentação tomando chopp com Antônio, e como não estávamos com muita fome resolvemos pedir para levar e comer no hotel.
Tiramos uma foto na frente do shopping para marcar o último dia em BH e fomos embora para o hotel, pois ainda tínhamos muito trabalho pela frente, era hora de arrumarmos as malas, de encontrar lugar para levar todas aquelas coisas que tínhamos comprado, pense numa tarefa difícil.
Eu terminei de arrumar a minha mala e a de João às 12:30. No dia seguinte acordaríamos cedo, pois era o dia do retorno a João Pessoa, que pena, a viagem estava tão divertida! Acordamos às 05:30, nos arrumamos e descemos todos para o café da manhã, que começaria às 06:00h. Ao chegarmos lá percebemos que ainda estava tudo fechado, Cassia foi logo entrado para ver se tinha alguém e para saber se o café realmente iria começar as 06:00. Dona Severina falou: “Saí daí Cássia, não ta vendo que está fechado, era bom que levasse um rela” (no caso, uma reclamação rsrs).
Conseguimos tomar café e seguir para o aeroporto, do hotel até lá levaríamos mais de uma hora e ficamos com medo de pegar trânsito, por isso resolvemos sair mais cedo. A recomendação para Antônio era sempre a mesma: “Siga o carro de João para não se perder.” E justo no dia de irmos embora, o meu GPS resolveu dar problema. Pegamos uma rota errada e fomos parar numa reta paralela ao aeroporto, mas sem sombra de retorno. Começamos a ficar preocupados com o horário até que, Antônio ( logo ele que tanto se perdia) conseguiu pegar o caminho certo e nós chegamos a tempo.
Quando chegamos no aeroporto ainda tínhamos tempo suficiente até a hora do embarque. Seguimos com as malas para a fila do check-in, que aos poucos ia ficando cada vez mais cheia. Quando chegou a nossa vez, Antônio tomou a frente e colocou as malas para serem pesadas todas juntas, entregou os bilhetes para a moça e começou a pesar as malas. A cada mala que Antônio colocava a moça falava: “Já acabou?” e ele respondia: “Começou agora”, e assim ia colocando as malas. No final a moça falou: Vocês terão que pagar R$:450,00 reais de excesso de bagagem.
Tomamos um susto, já estava na hora do embarque e pelo som do aeroporto já ouvíamos os nossos nomes sendo chamados pelo rádio. Bateu o desespero de perder o voo, dona Jaqueline e Cássia já estavam pegando o cartão de crédito para pagar o excesso, quando joão falou para moça: “Você pesou errado, pode começar de novo”, a moça ficou brava e não queria pesar novamente, joão insistiu e ela começou a pesagem mais uma vez. Enquanto todos estavam lá arrancando os cabelos pra resolver isso e sair correndo para o avião, dona Severina estava muito bem sentada conversando com uma mulher que tinha acabado de conhecer. Enquanto Antonio saio de perto da confusão e foi pra perto de dona Severina, então ele falou: “Ei mãe, deu merda ali nas bagagens viu” Dona severina não deu muita importância e continuou a conversa com sua mais nova amiga.
Quando a moça já estava quase terminando de pesar as malas pela segunda vez, perceberam que faltava um bilhete, o que estava no bolso de João e que Antônio não tinha dado pra ela junto com os outros, e por isso estava dando esse excesso de bagagem tão grande. Problema resolvido certo? Mais ou menos, pois os nossos nomes continuavam sendo chamados pelo rádio, teríamos que embarcar imediatamente, e até chegarmos ao portão de embarque estávamos correndo o risco de perder o voo.
Eu peguei todas as bagagens de mão que podia e saí empurrando um carrinho e João o outro, enquanto dona Jaqueline foi correndo chamar dona Severina que continuava seu papo sobre sua casa em Jacumã, com a mulher que tinha acabado de conhecer. saímos correndo pelos corredores do aeroporto e quando fomos subir uma rampa, uma das sacolas caiu do meu carrinho, João foi apanhar nas pressas e acabou arrebentando uma das alças da sacola, e assim, alguns objetos saíram rolando rampa abaixo, pense numa agonia.
Enquanto isso, os nossos nomes continuavam sendo chamados…
Passamos do Raio X e quando já estávamos para entrar no Avião ouvimos pelo rádio: Senhor Antônio de Pádua comparecer ao raio X. Antonio ficou logo aperreado, achando que era algum problema com sua bagagem de mão, mas na verdade ele só tinha esquecido o RG lá no Raio X, daí a moça falou: “corre lá e pega logo se não você vai perder o voo”, e ele coitado, saiu correndo com as calças caindo e o cinto na mão, pois teve que tirar para passar no raio X e na correria não tinha dado tempo colocar de novo.
Finalmente estávamos entrando no avião, que já estava em atraso há mais de meia hora por nossa causa. Eu entrei carregada de sacolas nos braços, e como todos já estavam sentados, sai meio que batendo com as sacolas em todos que estavam no corredor, foi terrível, que vergonha! Quando todos já estávamos sentados, Cassia disparou a falar e a oferecer calmante pra todo mundo rsrs. A única coisa que a gente queria era que a quele avião decolasse logo pra ver se aliviava todo aquele estresse.
O voo foi super tranquilo, desembarcamos em Recife e seguimos de carro para João Pessoa, na mala muitas histórias e boas risadas.