Eita eu vou

Por Patricia Larrothiere

Um simples gesto pode mudar o dia de alguém

14 de março de 2019

Enquanto uns tomavam drinks na piscina, outros curtiam o sol de frente para o belíssimo mar do Cabo de Santo Agostinho, e uma dessas pessoas era eu.

Uma cerca simples dividia o hotel da área da praia que dava acesso ao mar, nessa pequena faixa de areia, alguns vendedores expunham diariamente artigos de praia como: saídas, biquínis, chapéus… tendo também, aqueles que vez por outra, passavam oferecendo outros produtos e serviços, como: óculos de sol, passeios, chaveiros…

Após o café da manhã costumávamos ir direto para as cadeiras de praia que ficavam de frente pro mar. Era sábado, fazia muito sol e o calor estava insuportável, de longe, um senhor se aproximava para expor o seu produto. Mas não era assim qualquer produto, era arte, eram pinturas, eram telas que retratavam aquela praia que nós tanto amávamos.

Ele montou uma pequena estrutura, e se posicionou como se fosse pintar ali mesmo. Eram telas que variavam entre 20×45 e 10×10. Após montar a estrutura, a qual ele carregava com a maior disposição, pegou algumas tintas e começou a fazer alguns riscos nas telas que já estavam praticamente prontas.

Algumas pessoas que ali estavam, pensavam que aquele senhor não era pintor coisa nenhuma, estava apenas se fazendo e tentando ganhar alguns trocados com aquelas mini telas prontas. Por um momento, confesso que eu também achei, até que um Guia conhecido do hotel, falou que ele era morador da região e que há muitos anos gostava de pintar a praia do Cabo.

Fiquei com vontade de perguntar quanto custava, pois, as telas menores me chamaram atenção mas, acabei desistindo. Ele parou de fazer os riscos e ficou de um lado pro outro tentando vender sua arte, porém, ninguém deu muita importância. Quando ele foi embora, me arrependi de não ter ido ver as telas de perto; será que ele voltaria no dia seguinte?

No domingo pela manhã seguimos para o mesmo lugar do dia anterior, fiquei esperando, esperando e pensei que ele não voltaria, até que de repente, ele apareceu! Estava com as mesmas telas e com a mesma disposição em vender aquilo que tanto lhe orgulhava.

Fui até ele, perguntei quanto custava e ele respondeu: _ Olhe moça, antes eu vendia aqui na frente do hotel por R$80,00 reais cada uma dessas pequenas, mas hoje em dia o povo não dá mais importância, só querem saber de celular então, agora estou vendendo por R$:50,00.

Pensei em pedir um desconto, foi quando ele começou a mostrar as telas e a falar de cada detalhe daquela paisagem que retratava fielmente os dois lados da praia. Ele falava com tanta propriedade, com tanto orgulho daquele lugar e do quanto aqueles quadros iam me trazer boas lembranças, que até me envergonhei de querer pedir um desconto.

Como eu poderia querer economizar diante de um trabalho tão lindo, tão humano e carregado de história? Estamos tão robotizados ultimamente que às vezes, não nos damos conta de que precisamos dar mais valor às pessoas, às suas histórias e ao seu trabalho.

Quando ele recebeu o dinheiro, olhou pro céu, se ajoelhou e agradeceu a Deus. Nem pareceu ser apenas pelo dinheiro sabe, mas é como se ele tivesse ficado muito feliz e grato também, pela atenção a qual tive em ouvir a história que aquela paisagem carregava, e pelo valor que dei ao seu trabalho.

Diante dessa experiência me dei conta do quanto precisamos dar mais atenção ao ser humano, o quanto podemos ser menos mecânicos e mais afetuosos uns com os outros, pois como já dizia o ditado: Um simples gesto pode mudar o dia de alguém. Pense nisso!

 

Vila Galé Eco Resort – Cabo de Santo Agostinho – Pernambuco

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